Antes de qualquer coisa é importante ressaltar que a comunicação pode realizar-se por meio de sinais visuais, sonoros ou químicos. Caso esta transmissão seja feita quimicamente, é através dos feromônios que acontece. Feromônios são substâncias químicas inodoras e invisíveis que modulam a comunicação entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica). Assim, formigas lava-pé não irão entender a linguagem de formigas-limão e vice-versa.

Estas substâncias são secretadas para o meio externo por um indivíduo e recebidas por um segundo indivíduo da mesma espécie, desencadeando uma reação específica. Pode ser uma reação imediata como atração sexual, posturas defensivas, dispersão na presença de predadores ou os que orientam a trilha dos insetos sociais. Ademais, mudanças na fisiologia ou comportamento podem ser acarretas a ponto de influenciar na secreção de hormônios, influenciando a ovulação ou a maturação de espermatozoides.

A organização da vida das formigas em sociedades somente foi possível com a utilização dos feromônios, possibilitando o reconhecimento individual e a cooperação na execução das múltiplas atividades da colônia.

Os feromônios mais conhecidos nas formigas são, principalmente, os de alarme, reconhecimento individual, da rainha, marcação de trilha e recrutamento, marcação de folhas, território, agregação e sexual.

Alarme: desencadea o comportamento de defesa na colônia, é composto por substâncias voláteis (principalmente heptanonas e octanonas) produzidas e armazenadas nas glândulas mandibulares das operárias. Quando uma formiga é alarmada, ela libera uma pequena quantidade deste feromônio, que provoca de imediato um aumento na taxa de locomoção e a abertura das mandíbulas das companheiras ao redor e, numa segunda etapa, o recrutamento de novas formigas para a defesa da colônia. Portanto, o principal objetivo é avisar outros membros da colônia que um inimigo pode estar se aproximando. É também utilizado principalmente por insetos sociais, tais como abelhas, cupins, marimbondos etc., além das formigas. O odor característico emitido pelos insetos conhecidos por ‘maria-fedida’ ao serem tocados é um exemplo de feromônio de alarme.

Reconhecimento individual: as formigas se dispõem de uma linguagem química que lhes permite identificar as companheiras de ninho e, mais ainda, as formas sexuadas.

Rainha: Suspeita-se que ele contribua para a formação do "odor da colônia" e seja decisivo na indução da alimentação, proteção e limpeza do corpo da rainha.

Marcação da trilha e recrutamento: é produzido pelas glândulas de veneno. Através do ferrão, localizado na extremidade final do gaster (extremidade posterior da formiga), o feromônio é depositado sobre as superfícies. A proporção dos componentes na mistura e a presença de componentes minoritários são os fatores responsáveis pela especificidade destas trilhas. As substâncias químicas mais presentes são o 4-metilpirrol-2-carboxilato de metila e o 3-etil-2,5dimetilpirazina.

Território: são amplamente empregados entre os animais, marcando e reconhecendo o próprio território, garantindo à colônia o alimento e a defesa.

Marcação das folhas: espécies de formigas cortadeiras como Atta cephalotes, que cortam partes vegetais de árvores, promovem a marcação das folhas cortadas, possibilitando o transporte para o ninho em um processo de dois passos, ou seja: as operárias que transportam as folhas cortadas reconhecem estes materiais ainda frescos quando devidamente marcados com secreções depositadas através da extremidade final do abdômen das operárias que cortam o material.

Agregação: empregado quando os insetos encontram uma fonte de comida ou um novo lugar para fazer sua moradia, e assim emitem o feromônio para atrair os demais membros da espécie.

Sexual: utilizado para atrair o parceiro para a cópula e assim preservar a espécie, através da procriação. A comunicação química entre os insetos em estudos iniciais indicavam que apenas as fêmeas emitiam o feromônio, atraindo os machos. Hoje se sabe que em muitos casos é o macho que emite o feromônio, esperando que as fêmeas venham até ele.

Quais são as principais maneiras de identificar os feromônios?

1) Através de um processo chamado “aeração”, no qual todas as substâncias voláteis que estariam sendo exaladas pelos insetos (incluindo os feromônios) são carreadas por um fluxo constante de ar e adsorvidas em polímeros especiais. Tais substâncias são posteriormente dissolvidas pela ação de solventes e analisadas.

2) Por meio da extração direta das glândulas responsáveis pela produção de feromônios, geralmente localizadas na parte posterior do abdômen do inseto. Isso é feito com a imersão do inseto em um frasco contendo um solvente apropriado que extrai as substâncias orgânicas ali presentes.

Imagem de Quadros (1998)

Meu Deus, mas depois de tanto feromônio a formiga tem que usar um Google Maps para conseguir se comunicar?

O feromônio evapora com o tempo, pois são substâncias voláteis. Além disso, há o experimento da ponte binária, ou seja, usando pontes de tamanhos diferentes, as formigas convergem para a ponte mais curta.

Referências bibliográficas:

BARROS M. D., DALACQUA M. Feromônios humanos. Departamento de Morfologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo -Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 2006.

FERREIRA J. T. B; ZARBIN P. H. G. Amor ao primeiro odor – A comunicação química entre insetos. Química Nova na Escola N° 7 – maio, 1998.

QUADROS A. L. Feromônios e o Ensino de Química. Química Nova na Escola N° 7 – maio, 1998.

VILELA E. F. Feromônios no controle de formigas cortadeiras. PCMIP/IPEF: Anais do III Curso de Atualização no Controle de Formigas Cortadeiras – 1994.