Aquele que não sonhou em morar em um castelo, talvez nunca tenha tido a graça de ser criança. Armaduras, dragões, princesas e um homem corajoso cavalgando pelo mundo rumo ao desconhecido. Quixote largou os livros e se tornou Dom Quixote, um exímio cavaleiro errante. Esse sonho, alimentado pelas extensas leituras dos populares romances de cavalaria, levou o engenhoso fidalgo a fazer toda a humanidade se tornar pelo menos um pouquinho quixotesca. O espírito do cavalheirismo habita entre nós. Nós nos deliciamos ao assistir séries como Game of Thrones ou The Last Kingdom, saboreamos cada segundo da leitura de As Crônicas de Nárnia, escrito pelo aclamado C.S. Lewis e não podemos ver um cabo solto de vassoura sem logo o transformar em espada.
O heroísmo chegou ao Brasil. Aqui, nossos cavaleiros deixaram a armadura de lado e vestiram o jaleco, trocaram as luvas de ferro por luvas de látex e as espadas por bisturis. A coragem continua a mesma e a determinação talvez tenha sido ainda maior. O dragão a ser enfrentado não cuspia fogo ou batia asas, mas gerava vômito e febre ou até taquicardia e alucinações. Em alguns lugares, temia-se a varíola. Em outros, a malária. Belém era assolada pela febre amarela. Nosso cavaleiro, que carregava a cruz no nome, criou expedições sanitaristas pelo sertão brasileiro, passou por mais de 23 portos no norte do país com o objetivo de estudar e derrotar as doenças daquela região. No mesmo período, no Rio de Janeiro, dava-se início à construção do estonteante Castelo de Manguinhos (1905 - 1918), um grandioso projeto arquitetônico encabeçado por Luis Moraes Junior sob encomenda e idealização do então Diretor Geral de Saúde Pública, Oswaldo Cruz. Nomeado pelo presidente da república Rodrigues Alves (1902 - 1906).
Inspirado no renomado Instituto Pasteur, o castelo não importou apenas a inspiração e o conhecimento da França: os lindos tijolinhos que davam forma à obra no estilo mourisco também vieram de lá. Pronto apenas em 1918, o monumento até hoje rouba os olhares de quem vai à região e crava, na memória dos brasileiros, as lutas combatidas pelos cavaleiros de jaleco. Oswaldo Cruz, Alcides Godoy, Carlos Chagas e muitos outros impulsionaram um centro de pesquisa que não cessa em revelar talentos e produzir trabalhos de ponta. Se o Brasil conseguiu amenizar essas moléstias do passado, devemos agradecer àqueles que se imbuíram da coragem quixotesca de adentrar a Amazônia brasileira e enfrentar a resistência popular urbana no litoral. O Castelo de Manguinhos não se defendeu criando muralhas, mas saindo delas e indo de encontro ao inimigo.
A Fiocruz, habitante oficial do castelo, não para de receber prêmios internacionais. O monumento que recebeu a visita de Albert Einstein², ainda é um símbolo de resistência da tão atacada ciência brasileira. Esse ano, completando o seu centenário, o castelo continua lindo como sempre e produzindo como nunca. Recentemente, a pesquisadora Patrícia Brasil, recebeu o prêmio Chritophe Mériex Prize (2018)³ por sua admirável trajetória científica. Os homens e mulheres que herdaram a enorme responsabilidade de honrar todo o passado da Fiocruz, passam horas e horas em seus laboratórios travando batalhas que ainda hão de ser vencidas. Cem anos passaram-se e os dragões continuam à solta, em forma de zika ou ebola, tornam-se cada vez mais perigosos. Café na mente e bisturi empunhado, esses heróis passam de geração em geração a missão de proteger o povo dos males sanitários que ainda assombram nossa nação.
Faixa comemorativa marca os 100 anos do Castelo de Manguinhos (foto: Peter Ilicciev). Disponível em: << https://agencia.fiocruz.br/100-anos-do-castelo-fiocruz >>. Acesso em: 11/12/2018, às 11:49
1- Este não é um texto de caráter científico e informativo. Pretendo aqui apenas despertar a curiosidade do estimado leitor. Para mais informações, consultar a linha do tempo da Fiocruz que conta a evolução ano após ano de sua história. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo>
Acesso em: 24/09/2018, às 11:44.
2- Há uma fotografia no Castelo de Manguinhos, onde posa para foto o supracitado físico ao lado de grandes cientistas brasileiros como Carlos Chagas e Oswaldo Cruz. Disponível em: <http://arch.coc.fiocruz.br/index.php/carlos-chagas-recebe-visita-de-albert-einstein-no-instituto-oswaldo-cruz-em-maio-de-1925-na-fotografia-carlos-burle-de-figueiredo-antonio-eugenio-de-area-leao-nicanor-botafogo-goncalves-da-silva-adolpho-lutz-alcides-godoy-carlos-chagas>.
Acesso em: 22/09/2018, às 16:45.
3- Disponível em:
< https://www.fondation-merieux.org/en/christophe-merieux-prize/christophe-merieux-prize-2018/>
Acesso em: 06/10/2018, às 21:50.
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O morador oficial do castelo, no site da Fiocruz, continua ganhando prêmios em todo o mundo. Ainda hoje, o monumento - que foi visitado por Albert Einstein² - é um símbolo da determinação da comunidade científica brasileira diante das adversidades. No ano do centenário, o castelo mantém a beleza e a produtividade impressionantes.
Viajei nos castelos! Ótimo texto Luiz! Parabéns
Legal trazer um pouco de história para o site 👏👏👏