Você sabia que é possível traçar uma guerra utilizando-se de microrganismos? É muito possível, desde que sejam com alguns microrganismos que possuem capacidades patológicas absurdas. Esses microrganismos quando usados para esses fins de destruição ou patologias em massa são chamadas de armas biológicas.
Ou seja, as armas biológicas são quaisquer ferramentas de agressão humana, de origem orgânica, cujo princípio funcional se baseia nas vertentes da biologia como microbiologia, epidemiologia, fisiologia, psicologia, farmacologia, toxicologia, etc. Sendo assim, essas armas biológicas podem vim de várias origens como vegetal, animal, fungos, vírus, entre outros, apesar de que na maioria das vezes utiliza-se dos princípios microbiológicos para atingir grande massa.
O bioterrorismo, assim como o terrorismo em geral, visa causar mortes atacando grande porção de seres humanos e/ou animais, terror, pânico social ou perdas econômicas elevadas. É geralmente motivado por crenças ideológicas, religiosas ou políticas.
Esse tipo de ataque não se sustenta somente com a liberação dos microrganismos no ambiente, é necessário um estudo de qual ferramenta usar para alinhar ser vivo com método de expansão em massa. Pode ser contaminando água, rebanhos para perdas econômicas, com armas de liberação, entre outras tecnologias que devem ser estudadas antes. Alinhado a forma de disseminação pode acorrer também mudanças genéticas nos seres em questão para que sua patogenicidade seja mais eficaz.
Sendo assim, essas armas são facilmente adotadas pois são facilmente produzidas, assim como sua forma de dispersão prática, sendo necessário pessoas com treinamentos e conhecimentos básicos em microbiologia para criar ou aperfeiçoar uma arma biológica. Acrescenta-se ainda, que essas armas são silenciosas, o que gera uma dificuldade de distinguir seus efeitos daqueles decorrentes de eventos naturais como epidemias ou intoxicação alimentar.
Dado a variedade de possíveis microrganismos que podem ser utilizados com fim terrorista, é importante citar os principais e mais letais para, principalmente, ampliar o conhecimento sobre riscos que corremos, etc.
Bacillus Anthracis
Comumente chamada de Antraz essa doença atinge principalmente animais herbívoros como cavalos, vacas, ovelhas e cabras, somente afeta seres humanos que entrarem em contato com esses animais ou derivados deles contaminados. E ainda que o ser humano contraia a doença ele não é capaz de passar para outros seres humanos.
Esse ser possui uma grande disponibilidade de esporos alinhado a sua facilidade de dispersão com aerossóis, falta de odor e cor faz dele um candidato ideal para bioterrorismo.
A infecção pode ser cutânea com pouca taxa de mortalidade, gastrointestinal com uma taxa média de 25 a 60% de mortalidade e inalatória que é muito menos provável de pegar porém com taxa de 85 a 90% de mortalidade.
Ultimamente têm sido desenvolvidos sistemas muito avançados, que prometem tornar possível a detecção rápida, a baixo custo e ultrassensível de esporos de antraz, no terreno, ou ainda a descoberta de anticorpos anti-antraz no soro de um indivíduo, por exemplo. Isto seria sem dúvida muito valioso para as autoridades sanitárias, que, na eventualidade de um ataque bioterrorista em larga escala, teriam que dar uma resposta rápida.
Yersinia pestis
Causador da famosa pandemia Peste Negra que iniciou em 1346, num cenário bem complexo da Europa. Os hospedeiros naturais desse ser são os roedores e sua transmissão para os humanos realizadas a partir da picada da pulga que vivem nesses roedores infectados. Também pode ser contraída quando em contato com tecidos contaminados, fluidos corporais ou gotículas respiratórias dos roedores ou outros humanos.
Pode ser distinguida em peste bubônica na qual as bactérias se desenvolvem primeiramente próximo do local por onde foi infectada e pode evoluir para o pulmão onde a situação se agrava podendo até mesmo ser transmissível. Peste septicémica na qual pode inicialmente não desenvolver os bubões característicos da doença, ou em segundo caso desenvolvendo esses bubões. E por último a peste pneumónica onde ocorre a infecção do trato respiratório, é a forma mais letal onde os pacientes podem morrer em até 6 dias e em menos de 24hrs de picada já apresentam complicações como tosse com sangue, normalmente é mais decorrente de bioterrorismo.
Clostridium botulinum
A toxina botulismo é a neurotoxina causadora da doença botulismo, é uma doença bem rara porém com taxas de mortalidade altíssima. Os esporos do Clostridium possuem habilidades de sobrevivência incríveis em locais menos imaginados, como baixas temperaturas, anaerobiose, baixa concentração de sal e açucares, etc.
A elevada letalidade dessa toxina acontece porque ela bloqueia a transmissão colinérgica, resultando em paralisia flácida provocando a morte por comprometimento respiratório, paralisando o diafragma. Geralmente o botulismo não é passado de um humano para outro.
O botulismo acontece na maioria das vezes por ingestão de comida infectada apesar de que quando usada para bioterrorismo há uma tentativa de contaminação por vias aéreas, porém é muito mais difícil pois a toxina é rapidamente degradada não ficando por muito tempo no ambiente.
A probabilidade de um ataque bioterrorista ser efetivamente levado a cabo com sucesso não é muito alta, dadas as dificuldades técnicas e restrições de segurança. No entanto, mesmo que o número de vítimas seja suscetível de ser muito reduzido, o impacto de um ataque bioterrorista pode ainda assim ser bastante elevado (efeitos sociais). Por outro lado, há vários países que possuem armas biológicas, o que representa um risco, ou as pretendem desenvolver/adquirir, muitas vezes com a intenção de as empregar sobre populações civis.
Após os ataques com esporos de antraz, em 2001, o bioterrorismo deixou de ser apenas uma ameaça teórica e passou a ser uma preocupação real. Estes ataques demonstraram que uma resposta rápida por parte das autoridades e dos profissionais de saúde pode mitigar o impacto do bioterrorismo.
Referências Bibliográficas
CASTANHEIRA, Luís Ricardo Dias. Bioterrorismo: exemplos de armas biológicas. Monografia (Graduando em Farmácia), 35f., Coimbra, Universidade de Coimbra, 2016.
SANTOS, Cristina Pinto. Armas Biológicas: o uso da biotecnologia para fins ilícitos. Monografia (Licenciada em Ciências Biológicas), Brasília, Centro Universitário de Brasília, UniCEUB, 2002.
TUTUNJI, Valdi Lopes. Guerra Biológica: uma revisão. Universitas Ciências da Saúde, v. 01, n. 1, p. 105-139.
Victor Homero, apoio muuuuuuito. Rolê para falar de bio > rolê para falar de política. É isto.