Pesquisadores encontraram um registro fóssil de tardígrado, com uma idade aproximada de 16 Milhões de anos, da era Mioceno, em âmbar Dominicano. Esse achado é tão raro que essa é a apenas a terceira vez que se é relatado o encontro de um tardígrado preservado. Os outros dois indivíduos (Milnesium swolenskyi e Beorn leggi), também foram encontrados em âmbar, porém na América do Norte e são datados do Cretáceo.
Figura 2 (retirada do artigo). Vista ventral do gênero Paradoryphoribius chronocaribbeus. et sp. nov. do âmbar dominicano do Mioceno. (a) Espécime fotografado com luz transmitida sob estereomicroscópio. (b) Amostra fotografada com autofluorescência sob microscópio confocal a 488 nm; cores diferentes indicam profundidade z, com gradiente de violeta a vermelho representando os planos mais rasos e mais profundos, respectivamente. (c) Desenho esquemático. Ln, número da perna.
Os tardígrados são um grupo de animais invertebrados relacionados com os artrópodes, popularmente conhecidos como “ursos d’água” e por terem capacidade de sobreviver a condições extremas. São animais microscópicos que em geral possuem entre 0,1 e 0,5 mm, podendo ser encontrados em todos os tipos de habitats e distribuídos pelo mundo. Devido então ao seu tamanho e a falta de partes do corpo fortemente biomineralizadas (produção de minerais que tornam tecidos rígidos), o seu registro fóssil é muito difícil e até hoje apenas duas espécies fósseis foram encontradas.
Graças a fossilização por âmbar (resina orgânica que preserva organismos minúsculos com alta fidelidade de características) e o uso de microscopia de fluorescência confocal que capta imagens de caracteres taxonomicamente importantes, foi possível aferir através de análises morfológicas e comparações filogenéticas que este indivíduo encontrado pertence a um novo gênero e espécie: Paradoryphoribius chronocaribbeus. Além de possibilitar a sua atribuição à superfamília Isohypsibioidea já existente.
A espécie é então, até onde se sabe, o único tardígrado fóssil descrito do Cenozóico. Agora, se é membro de uma linhagem de tardígrados totalmente extinta ou se tem afinidades com táxons vivos não descobertos, ainda não está claro. Para isso serão necessários estudos mais aprofundados, e quem sabe, descobertas de outros indivíduos fossilizados deste simpático animal.
Em conclusão, essa descoberta mostra o contraste entre o escasso registro fóssil de tardígrados com sua longa história evolutiva e ampla distribuição. O que ressalta os desafios tafonômicos (estudo dos processos que ocorreram após a morte do organismo até a sua fossilização) e estudos evolutivos detalhados sobre esse filo.
Por: Nicole Coffran Ferreira Barbosa - Data: 18/11/2021
Palavras chaves: Tardigrada, âmbar, fóssil, paleontologia, invertebrados, evolução, Mioceno.
Fonte:
MAPALO, Marc A; ROBIN, Ninon; BOUDINOT, Brendon E.; ORTEGA-HERNÁNDEZ, Javier; BARDEN, Phillip. A tardigrade in Dominican amber. A tardigrade in Dominican amber, [s. l.], 6 out. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1098/rspb.2021.1760
Bichinhos realmente muito simpáticos esses! Parabéns pelo texto, Nicole.