Os beachrocks são rochas sedimentares formadas a partir da precipitação de carbonato de cálcio computado em águas rasas e tropicais sob influência de águas subterrâneas e temperaturas superiores a 20°C. Além de sua importância paleoclimática e paleontológica, essas rochas são importantes para a reconstrução dos ambientes deposicionais e estudos paleoecológicos, especialmente quando apresentam microfósseis.
Na Bacia de Pelotas, localizada na costa sul do Brasil, existem quatro sistemas de lagoas e barreiras que foram formados por mudanças no nível do mar durante quatro períodos diferentes da história, permitindo notar-se como o nível do mar mudou ao longo do tempo e afetou o entendimento da região costeira. Um desses sistemas é a Barreira do Holoceno IV, uma faixa de areia costeira com mais de 750 km de comprimento e várias lagoas e lagoas ao longo do seu caminho. Estudar os padrões de progradação, estabilidade e retrogradação nessa barreira é importante para entender como a linha costeira se desenvolve e se comporta diante das mudanças no nível do mar.
Um estudo recente coletou uma amostra de beachrock em uma praia no município de Imbé, no Rio Grande do Sul, durante o outono e inverno de 2021. As amostras foram avaliadas macro e microscopicamente, e foram identificados vários constituintes biogênicos, como moluscos, cirrípedes, foraminíferos , ostracodes, restos de peixes raros e espinhos de equinodermos. A classificação dos beachrocks envolve uma análise microscópica detalhada, mas neste estudo, as amostras foram classificadas de acordo com suas características macroscópicas, o que resultou em três grupos diferentes.
O estudo examinou as rochas de praia dos tipos A e B e encontrou microfósseis em todas as amostras, especialmente os ostracodes, que foram bem preservados e abundantes o suficiente para permitir uma identificação taxonômica. Foram identificadas 16 espécies de ostracode em 14 amostras, correspondendo a 15 gêneros e 12 famílias. A espécie mais comum foi Cyprideis multidentata, seguida por Argenticytheretta levipunctata. As estruturas quaternárias submersas ao longo da plataforma continental, interpretadas como paleolitorais, são uma fonte de fragmentos de beachrock erodidos e transportados para a costa pelas ondas. A idade precisa dessas estruturas ainda é indeterminada.
Os beachrocks são importantes para entender como os ecossistemas costeiros se desenvolvem e se adaptam às mudanças ambientais, e a análise micropaleontológica dessas rochas pode fornecer informações valiosas sobre ambientes deposicionais e estudos paleoecológicos. Além disso, a investigação de estruturas costeiras como a Barreira do Holoceno IV e os sistemas de lagoas e barreiras da Bacia de Pelotas pode fornecer informações sobre como o nível do mar mudou ao longo do tempo e como isso afetou a região costeira.