Claro, muito do que se vê por aí é feito por especulação, mas é possível sim descobrir a cor de um dinossauro!
Como já se sabe, alguns dinossauros tinham penas. E, ao estudar uma dessas espécies, o terópode Anchiornis huxleyi, encontrado em depósitos fossilíferos da província de Liaoning, na China, uma equipe de paleontólogos, liderada pelo pesquisador Jakob Vinther, encontrou uma maneira de inferir o padrão completo de coloração da plumagem desse indivíduo.
Mas primeiro, como saber a cor das penas? Em animais, a pigmentação se dá por células secretoras de pigmento, chamadas melanóforos, esses pigmentos são encapsulados numa organela chamada melanossoma. Então, caso esses melanossomas estejam bem preservados no fóssil, essas estruturas podem ser analisadas.
Elas são comparadas com melanossomas de outras espécies para que sejam descobertas as cores do pigmento correspondente àquele melanossoma. Diferentes cores pertencem a melanossomas com propriedades diferentes, características como densidade e proporção distinguem as pigmentações umas das outras. Por exemplo, no geral, os que produzem pigmentos pretos ou cinzas são longos e estreitos, enquanto os que produzem pigmentos marrons ou vermelhos são curtos e largos.
Nesse caso, o espécime coletado estava bem completo, e todas as estruturas plumadas, desde o crânio aos membros anteriores e posteriores possuíam melanossomos preservados. Dessa forma, foi possível traçar todo seu padrão de coloração. Após comparar todas as amostras coletadas do fóssil com amostras de pássaros existentes foi possível chegar a coloração observada na paleoarte. A maior parte do corpo era coberta por melanossomos de coloração cinza e preta, na cabeça foram observadas manchas avermelhadas, penas acinzentadas alongadas na frente e nas laterais da crista parecem enquadrar uma coroa traseira mais longa e ruiva. Por fim, algumas áreas com pouca densidade de melanossomos foram consideradas despigmentadas.
O padrão de coloração do nosso terópode do final do cretáceo é muito similar ao de alguns pássaros atuais, como as galinhas hamburguesas. Já havia sido observado anteriormente diferenças entre regiões claras e escuras em plumagem de dinossauros, e agora foi possível observar um padrão bem mais complexo. Além disso, as penas do Anchiornis huxleyi são todas relativamente similares, o que pode significar que a variação na coloração das penas precedeu a variação de formas delas.
Texto de divulgação científico baseado em: Li, Quanguo, et al. Plumage Color Patterns of an Extinct Dinosaur. Science, vol. 327, n. 5971, 2010, pp. 1369–72. JSTOR. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/40544615. Acesso em: 22 Jun. 2022.
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