“Ai, vai arrancar meu dedo” A menos que você tenha o tamanho de um inseto, elas lhe são perfeitamente inofensivas.
Para que uma planta possa ser considerada carnívora, é preciso que ela tenha a capacidade atrair, prender e digerir formas de vida animais.
Existem algumas flores que atraem insetos para a polinização. Exemplos destas são o papo-de-peru e algumas orquídeas. Mas não os digerem, portanto não são carnívoras verdadeiras (como dito anteriormente nas “exigências” para ser uma planta carnívora).
Foto: Disponível em <https://www.safarigarden.com.br/muda-de-papo-de-peru-aristolochia-gigantea>. Acesso em 07/02/18 ás 17:57.
Alimentação no geral
Alimentam-se principalmente de insetos, além de diversos organismos aquáticos microscópicos, moluscos (lesmas e caramujos), artrópodes (insetos, aranhas e centopeias) e pequenos vertebrados (como sapos, pássaros e roedores). Droseras, que se distinguem pela mucilagem, isto é, a presença de uma substância pegajosa que aprisiona insetos voadores. Tanto as Genliseas, também chamadas violetas-do-brejo, quanto as Utricularias são, em sua grande maioria, aquáticas, com pequenas bolsas que capturam os protozoários. Já as Heliamphoras atraem os insetos com suas cores vivas e néctar perfumado.
Abundância
Atualmente, são conhecidas mais de 500 espécies de plantas espalhadas pelo mundo todo. O Brasil é o segundo país do mundo em número de espécies. O território brasileiro reúne mais de 80 delas, todas concentradas em seis gêneros: Drosera, Genlisea, Utricularia, Heliamphora, Brocchinia e Catopsis.
Ambiente
A maioria, em solos encharcados (como brejos), de pH baixo (ácido) e às vezes pedregosos. Falta de nutrientes, especialmente o nitrogênio, é um fator crítico que limita o crescimento das plantas de maneira geral. Este problema foi resolvido pelas primeiras plantas carnívoras que surgiram na Terra, ao desenvolverem métodos para aprisionar e digerir animais e assim utilizarem de suas proteínas (ricas em nitrogênio) como fonte de nutrientes.
Evolução
Acredita-se que as plantas carnívoras evoluíram a partir de plantas que capturavam parasitas para se defenderem deles, como no caso do Plumbago. Os insetos ficavam presos nas glândulas colantes das folhas, e com o tempo morriam bem como apodreciam. Em certo ponto, as enzimas que normalmente realizam a digestão de proteínas em sementes teriam sido transferidas para outras regiões da planta, assim se especializando na digestão das pragas capturadas, tornando-se plantas competitivas em solos pobres em nutrientes. Assim, as novas carnívoras especializaram suas folhas, distribuindo glândulas colantes por toda sua extensão para melhor capturar as presas.
Gênero Drosera (Droseraceae)
Foto disponível em <http://www.tudosobreplantas.com.br/asp/plantas/ficha.asp?id_planta=28360>. Acesso em 07/02/18 às 18:17.
Na face superior da lâmina estão presentes numerosos tentáculos, cujas pontas são cobertas por uma substância pegajosa, a mucilagem (reluzente quando vista contra o sol).
Como capturam
As presas são atraídas pelo odor de néctar (secretado pelas glândulas presentes nas lâminas). A captura se dá quando as presas tocam nas pontas dos tentáculos: elas ficam grudadas, e, na tentativa de se libertarem, acabam encostando em mais tentáculos e ficando ainda mais presas. Certas espécies são estimuladas pelo toque, realizando uma demorada movimentação (a folha se dobra, para que ainda mais tentáculos entrem em contato com o corpo da presa). Por fim, a digestão se dá sobre a própria superfície da folha.
Importância da luz
O cultivo da maioria das espécies é relativamente simples, sendo necessário fornecer o máximo de luz possível. Afinal, caso as plantas não estejam recebendo luz suficiente, perderão a coloração avermelhada.
Genlisea - Violeta do brejo
Como capturam
A armadilha é basicamente uma folha dobrada, toda espiralada (dando a impressão de ser um tubo retorcido), que a certa altura se divide em duas (como um Y ao inverso). Há constante fluxo de água na armadilha, de baixo para cima. Quando uma presa adentra na armadilha ela é puxada para cima junto com a água (e impedida de nadar para baixo graças à pelos apontados para cima presentes no interior da armadilha) até o local aonde ocorre a digestão, um bulbo (de onde a água é expelida).
Foto disponível em < http://www.indefenseofplants.com/blog/2016/1/20/a-plant-with-lobster-pots>. Acesso em 07/02/18 às 18:39.
Dionae
Foto disponível em http://floresiflores.blogspot.com.br/2011/04/como-cuidar-de-dionaea.html>. Acesso em 07/02/18 às 18:42.
É a planta carnívora mais famosa e mais comum em cultivo dentre todas.
Como capturam
As presas são atraídas pelo odor do néctar secretado por minúsculas e numerosas glândulas, presentes em maior quantidade na superfície interna da armadilha. Então os lóbulos se fecham sobre a presa em questão de décimos de segundo (se a planta não estiver muito saudável, este tempo poderá ser bem grande, impossibilitando a captura). Do modo como se fecham, os cílios se entrecruzam, formando uma espécie de jaula, da qual a presa não consegue escapar. Neste processo, a presa eventualmente morre esmagada. Assim criado um ambiente hermeticamente fechado e as enzimas digestivas são lançadas sobre a presa e dá-se início ao processo digestivo.
Terminadas a digestão e a absorção dos nutrientes, a armadilha reabre, revelando restos não digeridos da presa - geralmente a carcaça; resta ao vento ou à chuva fazer seu papel de levar embora estes restos.
Dá para ter em casa, gente <3 Confira como no dossiê: http://respostatecnica.org.br/dossie-tecnico/downloadsDT/OTA1Ng==
Referências bibliográficas:
MATOS, Eduardo Henrique da S. F. Espécies de plantas carnívoras e o seu cultivo. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT/UnB 15/8/2012
CRUZ D. D.; SILVA C. V. Na Trilha das Plantas Carnívoras: estratégia para a contextualização didática. 64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013.