A febre amarela, uma doença viral hemorrágica com alta taxa de mortalidade, é considerada um dos maiores flagelos da humanidade. Historicamente, epidemias devastadoras desta doença foram relatadas desde o século XVII na África, Américas e Europa.
Desde o último ano, o Brasil tem enfrentado um surto silvestre, considerado o mais grave dessa doença no país, sendo considerado uma epidemia. Vale ressaltar que desde maio de 2017 vários casos foram contabilizados, incluindo mortes e recuperações. A situação ficou mais grave pois os casos, agora, não só atingiam as regiões rurais como também grandes cidades populosas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, entre outros. Deve-se entender que este último surto tem uma grande relação com situações ecológicas complexas que ocorreram no sudeste brasileiro incluindo mudanças ambientais e climáticas graves.
Os casos somente podem ser reduzidos com intensificadas campanhas de vacinação e melhoramento na qualidade de vida, com reparação dos danos que foram causados e manutenção da vida ecológica.
Sendo assim a vacina de vírus vivo atenuado, obtida por atenuação da subcepa 17DD do vírus da febre amarela, cultivado em ovos de galinha embrionados livres de germes patogênicos. É utilizada na prevenção da doença que é causada por um arbovírus da família Flaviviridae, do gênero Flavivírus. Ela é recomendada principalmente para áreas endêmicas, epizoóticas (doença que ocorre ao mesmo tempo em vários animais de uma mesma área geográfica) ou para os viajantes que a elas se destinam. Considerada segura e altamente imunogênica, induzindo a formação de anticorpos protetores de longa duração, é hoje o meio mais eficaz para prevenir e controlar a doença, já que interrompe o ciclo de transmissão. Além disso, tem como objetivos conferir proteção individual e coletiva na população e bloquear a propagação geográfica da doença criando uma barreira de imunidade prevenindo epidemias.
O Brasil a muito tempo administra duas doses da vacina na população, mesmo que a recomendação da OMS seja de apenas uma dose ao longo da vida contendo reforços. Devido a epidemia a OMS sugeriu que houvesse a administração da vacina em longa escala para toda a população brasileira de modo a diminuir o surto e a vacinar aquelas pessoas que até então não haviam tido contato. Portanto, a decisão de emergência de administrar apenas uma dose da vacina recentemente realizada pelo Ministério da Saúde brasileiro deve ser reavaliada assim que a situação sanitária atual se normalizar e novas informações sobre a duração da imunidade forem obtidas.
É importante que a população se informe das condições atuais do país para que tenha ocorrido um evento como esse, assim como ajudar cada um dá sua maneira, dentro do que lhes cabe, a erradicar a doença. Informe-se!
Referências:
FIOCRUZ. Fundação Oswaldo Cruz. Vacina Febre Amarela (Atenuada). Instituto de tecnologia em imunológicos: Bio-Manguinhos. Disponível em: <https://www.bio.fiocruz.br/en/images/stori es/pdfs/bulas/fa/BM_BUL_045_00_V_190702_FA10Nacional.pdf>. Acesso em: 30 de janeiro de 2018.
POSSAS, Cristina. MARTINS, Reinaldo Menezes. OLIVEIRA, Ricardo Lourenço de. HOMMA, Akira. Urgent call for action: avoiding spread and re-urbanisation of yellow fever in Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, n. 113, v. 1, FIOCRUZ: Rio de Janeiro, 2018.