Além de células, tecidos, órgãos e sistemas nosso corpo também é formado por vários conjuntos de muitos microrganismos que desempenham várias funções. Esse conjunto que na maioria das vezes possuem funções específicas para nosso corpo é chamado de microbiota normal, que há algum tempo atrás era denominado “flora” normal pois acreditava-se que os microrganismos eram vegetais.
Logo no nascimento já temos contato com os primeiros micróbios quando passamos pelo canal vaginal da mãe e encontramos os lactobacilos transportados para lá com essa exata função de serem os primeiros microrganismos a viverem no nosso intestino. Depois adquirimos microrganismos com a respiração, alimentação, contato com outras pessoas, etc.
Sendo assim, esses seres que residem (colonizam) nos nossos sistemas não geram doenças em condições normais, podendo até compartilhar muito para manter nossa saúde, porém há comprovações de que quando essa microbiota migra para outro local estranho ao seu habitat ela pode causar doenças. Além de existir a microbiota transeunte que vive em nosso corpo por um determinado tempo e depois desaparecem.
Vários fatos interessantes rodeiam esse assunto como o de a composição de cada microbiota ser diferente para cada ser humano em um mesmo local. A microbiota do meu intestino pode não ser a mesma do seu, mas pode ser muito parecida com a da minha mãe por ter algum resquício genético que influência na conformação dela.
Além desse resquício genético que vai se modificando ao longo dos anos e tornando minha microbiota mais distante da existente na minha mãe, fatores como nutrientes, questões físicas, químicas, defesas do organismo hospedeiro e até mesmo fatores mecânicos vão influenciar na distribuição e composição da microbiota de cada ser.
Uma das vantagens da microbiota é a de ajudar a combater microrganismos patogênicos, fenômeno chamado de antagonismo microbiano ou exclusão competitiva. Ao existir competição dos micróbios por nutrientes a microbiota normal pode prevalecer ou alterar o equilíbrio causando doenças com a alteração do pH, por exemplo.
Existem outras relações com o hospedeiro e a microbiota como a simbiose, onde os dois seres dependem um do outro, como o comensalismo onde um ser se beneficia e o outro permanece indiferente. O mutualismo também é uma forma de simbiose em que os dois organismos se beneficiam, e contrário a ele o parasitismo é uma relação onde um ser se beneficia com a extração de nutrientes do hospedeiro (ocorre com muitas bactérias patogênicas).
Uma relação conhecida a pouco tempo e de bastante importância para saúde humana é a com microrganismo probióticos. Esses seres devem ser ingeridos ou aplicados, podendo ser juntamente com prebióticos ou não, substâncias químicas capazes de promover seletivamente o crescimento de bactérias benéficas. Estudos recentes comprovam que esses microrganismos podem ajudar a vetar ou diminuir diarreias causadas por infecções, além de outras vantagens que estão ainda sendo entendidas. O entendimento por volta da microbiota normal ainda está em constante desenvolvimento já que sempre se descobre uma nova vantagem ou desvantagem desse grupo de seres.
Referência bibliográficas
TORTORA, Gerard J. FUNKE, Berdell R. CASE, Christine L. Microbiologia. Tradução de Aristóbolo Mendes da Silva, 10 ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.