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Foto do escritorFernando Sousa

Como é feita a clonagem de animais?

Atualizado: 24 de abr. de 2022

A clonagem animal é a produção de indivíduos geneticamente idênticos, ou seja, uma célula de um animal adulto é introduzida em um óvulo de uma fêmea receptora desenvolvendo um embrião, que irá gerar uma célula filha com mesma carga genética. Quer saber o que nos espera no futuro? Será que nós teremos clones? Venham conferir este texto sobre clonagem animal.

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O que é clonagem de animais?


A clonagem de animais acontece por meio da reprodução assexuada, não havendo encontro de gametas (células responsáveis pela reprodução), ou seja, um organismo produz duas cópias geneticamente idênticas de um outro.


Uma célula de um indivíduo adulto (animal ou vegetal) é introduzida em um oócito (óvulo) enucleado (óvulo que teve seu núcleo, logo o seu material genético, retirado) de um receptor originando um embrião que irá se desenvolver dentro de um útero gerando uma nova vida.


Em 1952 Robert Briggs e Thomas J. King conseguiram após muitas tentativas obter clones de anfíbios. E em 1996 o embriologista Ian Wilmut conseguiu clonar uma ovelha, batizada como Dolly, sendo o primeiro clone desenvolvido a partir de células somáticas adultas.


Por que os clones se desenvolvem a partir das células somáticas adultas?


Para entender melhor a pergunta, precisamos voltar um pouquinho à reprodução humana. Quando um espermatozóide é liberado no canal vaginal, o oócito precisa estar totalmente maduro e passa a ser classificado como óvulo.


O óvulo agora pode receber o espermatozóide, assim acontecendo a fecundação e posteriormente a formação do zigoto. A partir desta etapa alguns tipos celulares começam a se formar e se diferenciar em cada tecido específico do feto.


Estes tipos celulares correspondem a células somáticas que têm a capacidade de desenvolver qualquer tipo de tecido do nosso corpo, exceto células reprodutivas.

Animais clonados no Brasil


No Brasil, em 2001, o primeiro clone animal foi desenvolvido pela Embrapa, uma fêmea bovina da raça Simental, a bezerra Vitória. Esse foi considerado um estudo pioneiro na área e a partir daí vários outros animais também foram clonados.


Posteriormente, em 2003, nasceu a Porã e o Potira, dois animais da raça holandesa Junqueira comprovando um excelente potencial reprodutivo. No Brasil restavam menos de cem animais da raça, ou seja, encontrava-se em altíssimo risco de extinção. Com os avanços dessa tecnologia, mais indivíduos foram nascendo a cada ano.

Atualmente existem duas formas de realizar a clonagem de animais, através da transferência nuclear e pela técnica de bipartição embrionária.


Como funciona a transferência nuclear?


A transferência nuclear é uma das técnicas de clonagem que utiliza células somáticas adultas, mas que também podem ser de origem embrionária ou fetal. Os oócitos receptores são colhidos e cultivados in vitro para o desenvolvimento de indivíduos com mesma identidade genética. Outra forma de realizar a clonagem de animais é através da bipartição embrionária.

Como é a técnica de clonagem de animais por bipartição embrionária?


Essa técnica é muito utilizada na pecuária, pois é a maneira mais simples de fazer a clonagem. Células embrionárias produzem organismos com carga genética idênticas, mas que são diferentes de qualquer outro existente, como o que ocorre de forma natural com os gêmeos univitelinos que são provenientes de um mesmo óvulo e do mesmo espermatozóide.

De que forma a clonagem de animais pode ajudar a humanidade?


A clonagem de animais pode ser uma importante ferramenta na manutenção de espécies em extinção ou até mesmo aquelas já extintas. Apesar de existirem controvérsias, a técnica pode auxiliar na elaboração de um banco genético, contribuindo assim com a conservação da biodiversidade de determinado local que tenha sofrido com ações antrópicas.


Na pecuária, a clonagem contribui com o desenvolvimento de clones de altíssimo valor de mercado, como vacas de produção de leite e touros reprodutores. Esses clones podem apresentar a mesma qualidade de seus progenitores.


Em 1997, pesquisadores do laboratório PPL Therapeutics desenvolveram através de clonagem e técnica de transgenia, uma ovelha batizada como Polly. O grupo de pesquisa tinha o intuito de produzir uma proteína específica para o tratamento de fibrose cística, uma doença genética que não tem cura.


A técnica de transgenia é um processo que visa criar organismos com características genéticas específicas, que provavelmente seria impossível acontecer de forma natural, devido ao melhoramento genético que são submetidos.


Apesar de aparentar ser uma técnica promissora, existem muitas controvérsias quando o assunto é clonagem de animais. No caso de animais já extintos mencionados acima, é necessário avaliar uma série de questões.


Imagine um animal que já foi extinto há algum tempo sendo introduzido em um ambiente onde existe equilíbrio no ecossistema. É muito provável que ele iria causar um dano ambiental irreparável, pois aconteceria muita competição entre os animais nativos daquela área.


Quais as controvérsias da clonagem de animais?


São inúmeras as contribuições que a clonagem de animais pode nos oferecer, mas, existem algumas barreiras que ainda precisam ser sanadas com mais estudos, pois a maioria dos animais clonados têm uma taxa enorme de mortalidade ainda em fase embrionária, como também envelhecimento precoce, malformações e anomalias cromossômicas.


A clonagem em seres humanos


Tendo em vista todos os problemas encontrados na clonagem de outros mamíferos, seria necessário investigar e identificar os mecanismos que provocam essas anormalidades, antes de dar andamento aos estudos em clonagem humana. Além disso, a clonagem reprodutiva humana é considerada antiética.


Algumas pesquisas já sugerem que essas anomalias estão relacionadas a falhas na reprogramação epigenética (alteração do material genético da célula) que desencadeia alterações na expressão gênica (expressão do DNA) durante o desenvolvimento do clone.


Apesar de promissora para determinadas espécies, a clonagem de animais tem sido um desafio no que diz respeito aos primatas (ordem que compreende macacos, lêmures, símios e os seres humanos). Algumas tentativas na clonagem de macacos rhesus não foram bem sucedidas, pois, ao que tudo indica, proteínas essenciais para o desenvolvimento celular, acabam sendo removidas durante o processo de enucleação do óvulo.


Estudos como esses, realizados com macacos, contribuem para avaliar os riscos e efeitos biológicos que podem ser encontrados na clonagem de outros primatas, como o humano.

Em 2017, um grupo de cientistas chineses foram os primeiros a obter clones de primatas saudáveis através da mesma técnica que desenvolveu a ovelha Dolly. Atualmente a clonagem de primatas não humanos tem sido muito requisitada por pesquisadores do mundo todo, que pretendem utilizar os clones para investigar distúrbios humanos complexos.


A clonagem de animais consiste em um grande avanço tecnológico, contudo sua aplicação requer cautela e a técnica ainda necessita ser aperfeiçoada. O que nos resta é aguardar e torcer pela ciência, pois já pensou que legal seria ter um clone seu para ajudar nas tarefas diárias?


Você sabia que já existem empresas que clonam animais de estimação? Então leia essa notícia sobre clonagem de animais de estimação para saber mais.


Clonagem na sala de aula


Com esse tema, conseguimos abordar várias discussões, como: bioética, os benefícios e malefícios do aprimoramento da clonagem, se isso deve continuar ou não e muito mais. Conseguimos elaborar trabalhos em grupo, roda de conversa, seminário e debates com o tema por ser controverso e extenso.


Baseado na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) abaixo estão as habilidades que podem ser trabalhadas nesse tema, para ajudar na preparação da aula. Por ser um tema complexo e que requer certo conhecimento anterior, recomendamos que o tema seja abordado no ensino médio, para melhor compreensão dos alunos.


Ensino médio:


(EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental.


(EM13CNT303) Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações.


(EM13CNT304) Analisar e debater situações controversas sobre a aplicação de conhecimentos da área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias do DNA, tratamentos com células-tronco, neurotecnologias, produção de tecnologias de defesa, estratégias de controle de pragas, entre outros), com base em argumentos consistentes, legais, éticos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos de vista.


Escrito por: Fernando Vieira de Sousa

Revisado por: Juliana Cuoco Badari


Se interessou pelo assunto? Consulte um dos nossos posts do Instagram que fala sobre a doação de medula óssea, um tecido rico em células-tronco hematopoiéticas.


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