Os escorpiões são animais incríveis e a maioria deles é capaz de brilhar no escuro quando expostos à luz UV. Já foram descritos três compostos fluorescentes responsáveis por esse fenômeno e todos estão presentes no exoesqueleto desses animais. Além disso, alguns estudos sugerem as vantagens dessa característica. Vamos conferir como funciona?
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Quem são esses animais?
Os escorpiões são os artrópodes terrestres mais antigos conhecidos na Terra que integram o grupo dos aracnídeos. Em sua maioria, possuem hábitos noturnos e são quase sempre solitários, embora algumas espécies possam desenvolver algum grau de comportamento social.
Como os escorpiões brilham no escuro?
Primeiro precisamos deixar claro dois pontos:
1) Não são todos os escorpiões que brilham, os animais da família Chaerilidae por exemplo, não apresentam essa característica.
2) Os escorpiões só irão brilhar no escuro se estiverem expostos à luz ultravioleta (UV), como a luz refletida pela lua, por exemplo. Na presença dessa luz esses animais ficam fluorescentes com uma cor ciano-verde.
Além disso, cientistas acreditam que o exoesqueleto desses animais possa funcionar como um coletor de fótons de corpo inteiro, transduzindo a luz UV “captada” para o ciano-verde antes de transmitir essas informações para o sistema nervoso central.
O exoesqueleto (esqueleto externo) é uma característica marcante dos artrópodes e tem como principal função a proteção mecânica, química e biológica.
Os fótons são partículas que compõem a luz.
O sistema nervoso central é o centro que processa as informações e realiza os comandos do corpo.
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O que faz os escorpiões brilharem no escuro?
Até o momento, dois tipos de compostos fluorescentes, responsáveis pelo brilho do escorpião, foram identificados nesses animais. Porém, descobertas recentes encontraram um terceiro composto presente na exúvia do escorpião Liocheles australasiae e em outras 4 espécies.
O que é a exúvia?
A exúvia é o exoesqueleto antigo do animal, ou seja, aquele que foi descartado por ele. Eles podem realizar essa troca, também chamada de muda ou ecdise, diversas vezes ao longo da vida.
Um exemplo bem comum é a exúvia da cigarra, inclusive você já deve ter visto ela por aí! Elas parecem uma “casquinha”, como se o animal tivesse secado e, normalmente, são encontradas presas no tronco das árvores.
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Por que os escorpiões brilham no escuro?
Na biologia é muito complicado definirmos os "porquês" de certas características dos seres vivos. O que podemos discutir é sobre possíveis vantagens que aquela característica pode impactar na sobrevivência do animal ao longo de sua vida. No caso dos escorpiões que brilham no escuro, estudos sugerem que as vantagens seriam:
Os compostos responsáveis pelo brilho dos escorpiões podem desempenhar um papel na proteção ao dano do DNA provocado pela radiação ultravioleta (UV) solar.
A percepção da luz UV refletida pela lua pode auxiliar na orientação, ao permitir que esses animais detectem abrigos sob pedras ou vegetação mesmo na mais absoluta escuridão.
O brilho dos escorpiões pode ser utilizado na comunicação intraespecífica, ou seja, entre indivíduos da mesma espécie.
Embora o terceiro composto possua uma contribuição para a fluorescência (brilho do escorpião) relativamente pequena, ele apresentou uma substância com propriedades antifúngicas e antiparasitárias. O que sugere o papel dessa molécula na proteção dos escorpiões contra fungos e parasitos.
Essas descobertas são de extrema importância para entendermos os hábitos de vida desses animais, as propriedades químicas desses compostos e outros aspectos. Porém, a função biológica do brilho dos escorpiões à luz UV ainda tem sido discutida pelos pesquisadores.
Além disso, a composição química do exoesqueleto ainda não é completamente conhecida e outras substâncias podem estar envolvidas na fluorescência desses animais. Portanto são necessários novos estudos.
Nesse vídeo você consegue ver o escorpião brilhando no escuro quando exposto à luz ultravioleta. É incrível!
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Escrito por: Gabriela Maia Fernandes
Revisado por: Júlia Quintaneiro e Luiz Ottoni
Referências bibliográficas:
BRAZIL, Tania Kobler; PORTO, Tiago Jordão. Os Escorpiões. EDUFBA, 2010. 84 p. ISBN 978-85-232-0729-8. Disponível em <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/5109/1/Escorpioes-web.pdf>. Acesso em 28/03/2021.
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