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Foto do escritorPaloma Dune

O que acontece com o corpo humano no espaço?

Atualizado: 18 de set. de 2022

Você já quis viajar pelo espaço e flutuar? Provavelmente sim, por isso, vamos te contar o que acontece com o corpo humano no espaço! Atualmente conhecemos vários efeitos causados pela interferência da gravidade no corpo dos astronautas durante a temporada que estão no espaço e, até mesmo, após o retorno à Terra. Confira a seguir algumas dessas alterações fisiológicas, moleculares e cognitivas.


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Twins Study: O estudo que ajudou a entender o que acontece com o corpo humano no espaço


A Estação Espacial Internacional (ISS) é um grande laboratório que orbita a Terra e recebe astronautas de diferentes nacionalidades. Os tripulantes passam cerca de seis meses morando no espaço. Porém, entre 2015 e 2016 o astronauta americano Scott Kelly viveu por um ano na ISS. Um tempo de permanência no espaço bem impressionante, mas a importância da viagem não para por aí.


O astronauta Scott e seu irmão gêmeo idêntico chamado Mark participaram do “Twins Study”, um estudo que aplicava experimentos iguais para os irmãos, enquanto um estava no espaço e o outro estava na Terra. Como os gêmeos compartilham o mesmo genoma (informações do DNA), os pesquisadores compararam os resultados e compreenderam melhor o que acontece com o corpo humano no espaço num longo período.


O astronauta Scott Kelly (esquerda) e seu irmão gêmeo Mark (direita)
Os astronautas gêmeos Scott Kelly (esquerda) e Mark (direita) – Créditos: NASA

1. Cognição


Em uma das linhas de pesquisa do “Twins Study” queriam descobrir se a capacidade de aprender é afetada na microgravidade da Estação Espacial. Para isso, os pesquisadores fizeram vários testes com Scott e Mark (o primeiro estava no espaço) para conhecer o desempenho cognitivo diante de alerta mental, orientação espacial e reconhecimento de emoções.


O resultado da pesquisa foi bastante animador, pois o desempenho cognitivo de Scott enquanto estava na ISS permaneceu semelhante ao de seu irmão na Terra. Então, isso significa que os astronautas podem manter bons níveis cognitivos durante períodos mais longos no espaço.


Todavia, após a volta de Scott para o nosso planeta ocorreu uma queda no desempenho cognitivo dele e essa redução persistiu por seis meses. Algumas hipóteses explicam essa alteração, tais como a readaptação à gravidade da Terra, a velocidade do pouso e os diversos compromissos após a missão do astronauta.


2. Sistema imunológico no espaço


Você sabia que um astronauta já foi vacinado no espaço? Scott foi o primeiro a receber uma dose da vacina contra gripe enquanto estava na ISS. Além de ser um fato inédito, o acontecimento se tornou ainda mais interessante pela descoberta de que a resposta imunológica à doença funcionou tão bem como na Terra. O sucesso dessa novidade possibilita a aplicação de vacinas durante missões espaciais de longa duração.

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3. Altera a fluidez do sangue


Na micro gravidade o fluído corporal é distribuído igualmente por todo o corpo, inclusive para a cabeça. Por isso, o rosto dos astronautas pode inchar nas primeiras semanas no espaço. Porém, quando eles voltam para a Terra, a força da gravidade faz com que o nosso sangue se concentre nas extremidades do corpo e isso causa fortes dores de cabeça e tonturas nos astronautas.

4. Insônia


Os astronautas sofrem alterações no relógio biológico, visto que no espaço o ciclo claro-escuro é diferente do tempo de rotação da Terra (24 horas). Consequentemente, o sono é prejudicado e isso pode afetar o desempenho dos astronautas na tomada de decisões e memorização.

Entenda melhor a importância do sono clicando aqui.

5. Músculos e ossos mais fracos


Devido às condições de micro gravidade na ISS, os astronautas conseguem flutuar e não precisam forçar seus músculos e ossos durante os movimentos. No primeiro momento essa informação pode te parecer animadora, porém a ausência da resistência mecânica atrofia os músculos dos astronautas e os fazem perder tecido ósseo.


Os primeiros músculos a sofrerem o impacto da micro gravidade são da coxa e da panturrilha, mas em seguida todos são afetados. Como vimos, o baixo esforço para se movimentar no espaço não estimula as fibras musculares, consequentemente o corpo produz menos células musculares e elas vão se atrofiando com o tempo.


Além disso, flutuar enfraquece os ossos dos astronautas, pois o nosso esqueleto precisa se movimentar para exercer integralmente suas funções de suporte e proteção. Porém, como ele é pouco forçado no espaço, há um aumento de reabsorção óssea e diminuição de sua formação. Dessa forma os astronautas têm maior suscetibilidade a fraturas.


Como os astronautas passam vários meses no espaço, existem algumas medidas para evitar os graves impactos da perda de massa corporal. Basicamente, eles têm a alimentação controlada durante a missão espacial, além de praticarem atividade física todos os dias.


É bastante curiosa as adaptações que fizeram nos equipamentos tradicionais de academia para possibilitar que astronautas corram e peguem peso na micro gravidade. Confira o vídeo abaixo para conhecer a rotina de exercícios físicos na Estação Espacial.




6. Crescer alguns centímetros


Os astronautas ganham em média dois a cinco centímetros de altura. O crescimento ocorre pela ausência de gravidade, que faz com que os discos intervertebrais da coluna se afastem e se expandam. Porém, isso é reversível ao voltar à Terra, e em pouco tempo com a ação da gravidade o astronauta recupera a sua altura original.


É seguro viajar para o espaço?


As agências espaciais têm um processo de treinamento preparatório para as missões, além de um programa de reabilitação quando os astronautas retornam à Terra, promovendo maior segurança para eles. Depois de conhecer o que acontece com o corpo humano no espaço você ainda aceitaria sair da Terra?


Confira no Instagram o cotidiano dos astronautas na ISS.


Leia o texto abaixo, para conhecer mais curiosidades sobre o corpo humano:


Na sala de aula


O tema possibilita que o professor consiga relacionar assuntos como gravidade, de forma dinâmica e com um assunto que retém muita atenção dos alunos.


Não há nenhuma habilidade na base nacional comum curricular falando diretamente sobre isso. Mas é totalmente possível esse tema ser encaixado em uma aula.


Escrito por: Paloma Dune

Revisado por: Juliana Cuoco Badari


Como citar este texto:


DUNE, P.; BADARI, J. C. O que acontece com o corpo humano no espaço?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/o-que-acontece-com-o-corpo-humano-no-espaco>. Acesso em:


Referências:


ROCHA, Margarida Lucas Serrão André. Adaptações fisiológicas do Homem ao Espaço. 2018. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina) – Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2018.


NASA Human Research Strategic Communications. NASA’s Twins Study Results Published in Science Journal. nasa, 2019. Disponível em: <https://www.nasa.gov/feature/nasa-s-twins-study-results-published-in-science> Acesso em: 29 de jun. de 2021.


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