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Foto do escritorPaloma Dune

Qual a cor normal das fezes?

Atualizado: 29 de jun de 2022

Quando o assunto é fezes, muita gente faz careta ou dá gargalhada. Porém, esse assunto também deve ser tratado com seriedade, pois a partir da observação das características, como cor e textura das fezes, podemos identificar sinais da nossa saúde. Confira aqui no artigo, qual a cor normal das fezes e o que a alteração na cor pode significar.

Quer ir para alguma parte específica deste artigo? Basta clicar em qualquer um dos tópicos:



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O que são fezes?


As fezes, mais conhecidas como cocô, são um conjunto de resíduos que o corpo não digeriu e elimina na defecação.


Está enganado quem pensa que as fezes são, simplesmente, o resto dos alimentos que ingerimos. Na verdade as fezes também contém microrganismos mortos, carboidratos da parede celular dos vegetais que não digerimos (celulose), células epiteliais descamadas e um pouco de água.


Em condição saudável, o nosso organismo não descarta nutrientes essenciais, como lipídios e proteínas, pela defecação. Então, ao notar alterações na cor normal das fezes, precisamos ficar atentos ao sinal que nosso corpo fornece.


Por que o cocô é marrom?


Acredito que você já observou seu cocô em diversas situações, então deve ter notado que a cor normal das fezes é marrom. Para entender o que causa esta coloração é importante conhecer a história da bilirrubina: o pigmento responsável pelo cocô marrom.


Bilirrubina


A história da bilirrubina começa no baço com a morte de hemácias velhas, que durante sua degradação liberam átomos de ferro capazes de produzir um pigmento verde, conhecido como biliverdina.


Este pigmento passa por transformações químicas enquanto é transportado pelo sangue. No momento da viagem, o pigmento recebe o nome de bilirrubina indireta. Ao chegar no fígado, a bilirrubina absorvida é conjugada com ácido glicurônico (ácido que participa da desintoxicação celular) para aumentar sua solubilidade em água.


Em seguida, a bilirrubina conjugada (pigmento avermelhado) é secretada na bile e é liberada no intestino. A partir daí, as bactérias da microbiota intestinal interagem com a bilirrubina e ela perde sua conjugação. Assim, ela não pode ser absorvida no intestino e tem dois finais possíveis: ser eliminada via urina ou via fezes (esta é mais comum) .





Alteração na cor das fezes é perigoso?


No tópico anterior explicamos porque a cor normal das fezes é marrom, então, qualquer alteração na coloração deve ser vista como um alerta. Geralmente, mudanças na pigmentação das fezes não são a causa do problema, e sim um sinal deste.


Na avaliação de doenças hepáticas (doenças que atingem o fígado) é muito comum medir a quantidade de bilirrubina disponível no sangue e identificar se ela está conjugada ou não, para reconhecer se há desordem no organismo, tal como a icterícia, caracterizada pela coloração amarelada da pele, das membranas e das mucosas.


A icterícia reflete o desequilíbrio nas etapas de produção e/ou excreção do pigmento bilirrubina. Dessa forma, as alterações na cor das fezes são indicadores de icterícia. Cabe ressaltar, que a icterícia é classificada em três tipos, mas a mudança na coloração das fezes predomina na icterícia pré-hepática e pós-hepática.


Por que as fezes ficam muito escuras?


As fezes marrons em um tom mais escuro do que o normal é um dos sinais da icterícia pré-hepática. Esse tipo de icterícia é caracterizado pela super produção do pigmento bilirrubina, graças a fatores que intensificam a morte de hemácias. Com o excesso de bilirrubina disponível, o fígado não consegue conjugá-la e acumula no sangue a forma livre do pigmento.


Diversos fatores podem intensificar a morte das células vermelhas e causar fezes muito escuras, tais como infecções bacterianas e parasitárias, além de intoxicação com veneno e com outras substâncias.


Por que as fezes ficam esbranquiçadas?


Fezes esbranquiçadas também são conhecidas como acolia fecal. Essa coloração é típica da icterícia pós-hepática causada por obstruções nas vias biliares. O bloqueio no caminho que leva até o intestino, causa um acúmulo de bilirrubina conjugada no fígado e no sangue, que posteriormente são depositados nos tecidos. Assim, as fezes não atingem a sua cor normal.


O que significa as diferentes cores das fezes dos bebês?


As fezes dos bebês variam de acordo com o tipo de alimentação, pois a dieta influencia no ritmo intestinal e nos nutrientes ingeridos. Geralmente, as fezes dos bebês são amarelas ou esverdeadas.


Em recém-nascidos é bastante comum casos de icterícia, pois a enzima (proteína que aumenta a velocidade da reação química) responsável por processar a produção do pigmento bilirrubina é sintetizada lentamente nos neonatos. Isso não significa a existência de doença, na verdade, faz parte da transição entre a vida dentro do útero e a vida após o nascimento.


Resumindo

Após a leitura do artigo, sabemos qual a cor normal das fezes e como a bilirrubina é responsável pela cor marrom. Além disso, aprendemos que alteração na coloração das fezes é indicador de possíveis problemas de saúde. Agora que você já sabe qual a cor ideal das fezes, fique atento aos sinais que seu cocô te envia!


O cocô na sala de aula


Esse é um assunto importante para se dar aos alunos, por se tratar de saúde, pois às vezes o corpo nos dá indicativos de irregularidades, mas não captamos-as por falta de informação.


Esse assunto também pode ser espalhado, pelo aluno, para os familiares e conhecidos, disseminando ainda mais as informações.


Baseado na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) abaixo estão as habilidades que podem ser trabalhadas nesse tema, para ajudar na preparação da aula.


Ensino fundamental:


(EF05CI07) Justificar a relação entre o funcionamento do sistema circulatório, a distribuição dos nutrientes pelo organismo e a eliminação dos resíduos produzidos.




Escrito por: Paloma Dune

Revisado por: Juliana Cuoco Badari


Quer saber mais? Visite nosso Instagram e consulte nossos posts sobre Qual a importância do sono para nossa saúde? e sobre Antibiótico e álcool: posso usar juntos?



Referências:

BERNE e LEVY. Fisiologia. 7ª Edição. Editores Bruce M. Koeppen; Bruce A. Stanton. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.


Martinelli, A.L.C. Icterícia - Jaundice. Medicina, Ribeirão Preto v. 37, p. 246-52. doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v37i3/4p246-252.


Fujimura, I. (1965). Icterícias cirúrgicas. Revista De Medicina, v. 49, n. 1, p. 16-31. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v49i1p16-31.



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