Muito provavelmente vocês já ouviram falar em recifes de corais ou até mesmo sobre o evento de branqueamento que eles vêm enfrentando devido ao aumento da temperatura dos mares e oceanos. Além dessa grande problemática, neste texto você poderá conhecer algumas contribuições desses ecossistemas, assim como algumas reservas de proteção ambiental que comportam esses belíssimos animais chamados de corais e outros que compõem os recifes. Vamos conferir alguns recifes de corais no Brasil!
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O que são recifes de corais?
Os ambientes recifais constituem importantes ecossistemas marinhos, com uma ampla diversificação da vida marinha, tanto em nível local quanto a nível regional e global. Os recifes de corais no Brasil estão distribuídos por 3.000 km ao longo de sua costa, com as formações mais representativas localizadas no litoral do Nordeste.
É importante ressaltar que os corais não são pedras/rochas, mas sim, animais pertencentes ao filo Cnidaria.
Os recifes também são compostos pela presença de outros animais marinhos, como é o caso dos demais cnidários e organismos dos filos:
Porifera (esponjas);
Annelida (como poliquetas);
Mollusca (polvos, lulas e gastrópodes no geral);
Echinodermata (como estrelas-do-mar, ofiúros e pepinos-do-mar);
Arthropoda (caranguejos e siris);
Inúmeros peixes e algas.
A importância dos recifes de corais
Os recifes de corais apresentam grande amplitude quanto às suas importâncias para o meio ambiente, assim como para a própria sociedade. Dentre todas as contribuições, podemos destacar as:
Ambientais
Os recifes coralíneos possuem uma imensa produtividade referente à sua biomassa (matéria orgânica utilizada para a produção de energia), com base na fauna e em algas que compõem esses ecossistemas. Além disso, deve ser levada em consideração a produção de oxigênio promovida pela presença de microalgas associadas aos tecidos dos corais.
De acordo com o portal do Ministério do Meio Ambiente, uma em cada quatro espécies marinhas vivem nos recifes, incluindo 65% dos peixes.
Alimentares
Por abrigar inúmeros animais, muitos pescadores utilizam esse recurso natural para poder praticar atividades de subsistência, como a pesca e a venda de frutos do mar para a comunidade local. Entretanto, atividades como essa devem ser controladas por órgãos ambientais como o IBAMA e o ICMBio, de modo que evitem a sobre-explotação (elevadas condições de captura) da fauna.
Econômicas
Por suas belezas exuberantes, os recifes de corais costumam receber inúmeras visitas, as quais ocorrem, geralmente, por meio de barcos, catamarãs e caiaques, gerando renda às empresas que oferecem esse tipo de passeio ou alugam esses transportes aquáticos.
Mas, atividades como essa também devem ser fiscalizadas, a fim de que esses recursos sejam preservados. Uma boa saída é a promoção de atividades de educação ambiental nos recifes, tendo em vista que possam ser apresentadas aos usuários e banhistas condutas conscientes frente à utilização dos recifes.
Como os recifes de corais se formam?
O termo “recife” se relaciona a “rochedo” ou uma série de rochedos, localizando-se próximos à costa ou ligados a ela; refere-se, também, a uma estrutura rochosa ficando, em geral, próximo ao nível do mar e que possa representar obstáculos à navegação.
Geralmente, se encontram submersos ou com o platô (região mais elevada do recife) à uma pequena altura da superfície do mar em horários em que a maré se encontra baixa; dessa maneira, podem ser definidos como rochedos “à flor do mar”, mas também podem ser formados em uma profundidade perigosa à navegação e mergulhos.
No caso dos recifes de corais, segue essa mesma linha de raciocínio. Entretanto, são construções calcárias constituídas principalmente de exoesqueletos de corais associados a algas calcárias e briozoários incrustantes (filo Ectoprocta), somadas a outras estruturas de carbonato de cálcio de origem orgânica, como as carapaças e conchas de outros animais.
Tipos de recifes de corais
De acordo com a geomorfologia, os recifes podem se apresentar em três tipos:
Recifes de arenito
É composto por arenito (rochas formadas pela sedimentação e compactação de grãos de areia), resultante da consolidação de um ou mais bancos de areia, a partir da sedimentação com carbonato de cálcio e/ou óxido de ferro (por isso, alguns apresentam um tom avermelhado), posicionado paralelamente à linha da costa.
Recifes costeiros
Neste caso, o recife se localiza paralelamente ao longo da linha de costa, como uma forma de barreira. Sua expansão depende da intensidade do crescimento dos corais; com o passar dos anos, a borda do recife se projeta para o oceano e a região interior do platô recifal submerge, devido à erosão, formando algumas piscinas naturais.
Estes recifes têm, no mínimo, uma extensão de mais de 100 metros, podendo se estender a quilômetros de comprimento.
Recifes de plataforma
Essa formação recifal pode ocorrer sobre a plataforma continental, em zonas distantes da costa ou mesmo em pleno oceano, rodeada em todas as direções por águas profundas. O que proporciona o seu crescimento sem uma direção regular.
Origina-se em qualquer área do fundo marinho que se eleva até o nível do mar, de maneira que existam condições ecológicas adequadas para o crescimento de corais e outros invertebrados, suficientes para estabelecer essa formação.
Importância das Unidades de Conservação (UC’s)
As Unidades de Conservação (UC’s) constituem uma das principais ferramentas que promovem a conservação da biodiversidade, tanto em áreas terrestres como em ecossistemas marinhos. Entretanto, neste texto o foco será na sua importância para os ambientes marinhos.
A zona costeira brasileira possui uma imensa extensão (aproximadamente 7.400 km) e é composta por múltiplos ecossistemas, mas, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, das 102 Unidades de Conservação Marinhas (UCMs) do país, 21 delas contemplam recifes de corais em sua área protegida.
Um importante fator para o aumento dessas Unidades de Conservação é o investimento para a realização de pesquisas nos ecossistemas marinhos, de modo que possam ser realizados inventários biológicos (levantamento acerca da ocorrência de animais e outros organismos em uma determinada região), subsidiando os programas de conservação e manejo da biodiversidade.
Além disso, o mapeamento dessas unidades é imprescindível, tendo em vista que os mapas de suscetibilidade podem facilitar estudos quanto aos eventos de branqueamento de corais associados às anomalias térmicas (aumento considerável da temperatura dos mares e oceanos). Dessa maneira, facilita a localização das Unidades de Conservação, e a situação em que se encontram cada uma delas.
Em outras palavras, se não houver um conhecimento aprofundado acerca das Unidades de Conservação Marinhas, torna-se um desafio a elaboração de planos de manejo eficientes; logo, dificilmente as ações de conservação conseguirão ter um maior respaldo.
Recifes de corais no Brasil
Os recifes de corais brasileiros correspondem a menos de 1% dos recifes de corais do planeta. Apresentam-se como recifes de arenito ao longo dos 3.000 km da costa litorânea do país e, principalmente, nos 600 km de costa do Nordeste e ocorrem desde a foz do Rio Amazonas, até o Arraial do Cabo (RJ), mas também no Atol das Rocas (RN) e no Arquipélago Fernando de Noronha (PE).
Apesar de existirem poucos recifes de corais no Brasil se comparados ao restante do planeta, toda essa extensão de corais em nossa costa é formada pelas principais espécies que mais ocorrem no litoral brasileiro:
Mussismilia harttii;
M. hispida;
M. leptophylla;
M. braziliensis (espécie exclusiva do Brasil);
Siderastrea spp;
Millepora alcicornis;
Montastrea cavernosa.
Além disso, como foi mencionado no início do texto, há a presença de organismos de outros filos (tanto de animais quanto de algas) que complementam toda a biodiversidade dos recifes, caracterizando-os como verdadeiros ecossistemas.
Agora, vejamos alguns dos recifes de corais brasileiros encontrados nas principais Unidades de Conservação Marinhas do país:
Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha
O parque foi criado em 1988, com o objetivo de preservar o ecossistema marinho, a tartaruga-verde/Aruanã (Chelonia mydas) e os recifes de corais, além de garantir a reprodução do Golfinho-rotador (Stenella longirostris), uma espécie muito presente em águas costeiras. Esse parque é um dos Sítios do Patrimônio Mundial Natural da UNESCO, e pertence ao estado de Pernambuco.
Clique aqui para saber mais: Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Reserva Biológica do Atol das Rocas
Esta Reserva Biológica de conservação marinha tem como objetivo proteger a área de reprodução e alimentação de espécies marinhas. Em 2001, também foi reconhecida como um Sítio do Patrimônio Mundial Natural da UNESCO. Pertence ao estado do Rio Grande do Norte.
Clique aqui para saber mais: Reserva Biológica do Atol das Rocas.
Parque Nacional Marinho de Abrolhos
Foi o primeiro Parque Nacional Marinho brasileiro, criado em 1983. Seu objetivo é proteger os ecossistemas recifais de ilhas e associados, que servem de abrigo e área de reprodução para as tartarugas marinhas, baleia jubarte e muitas aves marinhas. O parque está localizado no estado da Bahia.
Clique aqui para saber mais: Parque Nacional Marinho de Abrolhos.
Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha
O Parque Estadual se localiza no município de Cabedelo-PB, e foi criado pelo Governo do Estado da Paraíba no ano de 2000 com a finalidade de conservar a biodiversidade local e de regulamentar as atividades turísticas na área. Configura-se como sendo a única Unidade de Conservação completamente marinha legitimada no litoral paraibano, apesar de haver outras áreas de proteção.
Clique aqui para saber mais: Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha.
Área de Proteção Ambiental da Baía de Todos os Santos
Localizada no município de Salvador - Bahia, esta APA, criada em 1999, promove o ordenamento do uso e ocupação das ilhas da Baía de Todos os Santos, visando o desenvolvimento de atividades socioeconômicas adequadas à conservação dos recursos naturais da região.
Clique aqui para saber mais: Área de Proteção Ambiental da Baía de Todos os Santos.
Parque Estadual Marinho do Parcel do Manuel Luís
Este foi o primeiro Parque Estadual Marinho criado no Brasil, em 1991, no estado do Maranhão. É uma Unidade de Conservação que tem como objetivo proteger um dos maiores bancos de corais da América do Sul, além da fauna e flora marinha associadas a ele.
Dentre as espécies presentes no parque, encontram-se algumas raras e/ou criticamente ameaçadas de extinção, como o peixe mero (Epinephelus itajara), a garoupa-mármore (Cromis purpura), a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga-verde (Chelonia mydas), além de espécies endêmicas da área, como o coral-de-fogo (Millepora alcicornis).
Clique aqui para saber mais: Parque Estadual Marinho do Parcel do Manuel Luís.
Todas as áreas de proteção anteriormente citadas, assim como muitas outras presentes no Brasil, são imprescindíveis para fomentar as pesquisas realizadas nos ecossistemas marinhos do país, a fim de conservar a fauna e a flora desses locais, evitando processos de extinção e monitorando eventos de branqueamento de corais.
Conheça mais sobre algumas outras Unidades de Conservação Marinhas, atividades de educação ambiental e sustentabilidade em nossa costa marinha através dos sites:
Confira nosso post no Instagram sobre o tema e consulte outros dos nossos textos sobre a biodiversidade marinha, indicados abaixo como posts recentes.
Escrito por: Manoel Celestino de Pontes Filho (@manoelpontes_)
Revisado por: Mateus Bispo (@mateuwsss)
Como citar este texto:
PONTES FILHO, M. C.; BISPO, M. Quais são os principais recifes de corais no Brasil?. Potencial Biótico. Disponível em: <https://www.potencialbiotico.com/post/recifesdecoraisnobrasil>. Acesso em: xx/xx/xxxx.
Referências bibliográficas:
CORREIA, M. D.; SOVIERZOSKI, H. H. Ecossistemas marinhos: recifes, praias e manguezais. Maceió: EDUFAL, 2005.
GONDIM, A. I.; DIAS, T. L. P.; CAMPOS, F. F.; ALONSO, C.; & CHRISTOFFERSEN, M. L. (2011) Benthic macrofauna from Areia Vermelha Marine State Park, Cabedelo, Paraíba, Brazil. Biota Neotropica, 11: 75–86. DOI: 10.1590/S1676-06032011000200009.
LIMA, G. V. Avaliação do estado de conservação do coral endêmico Mussismilia harttii (Verrill, 1868) (Cnidaria: Anthozoa) no Brasil. 2017. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
Recifes de Coral. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <https://antigo.mma.gov.br/processo-eletronico/item/397-recifes-de-corais.html>.
SABADINI, S. C. Suscetibilidade dos recifes de Abrolhos aos eventos de branqueamento de corais. 2017. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais.
Manoel Pontes
Redator
Graduado em Ciências Biológicas (licenciatura) pela UFPB. Mestrando em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA/UFPB). Atua em atividades de ensino e extensão.
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